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Heloisa Erthal

Carnaval ou palanque eleitoral?

Gastos exorbitantes com Carnaval ganham destaque em ano eleitoral em Niterói, São Gonçalo e Maricá




Em ano eleitoral, enquanto cidades enfrentam desafios críticos de infraestrutura e saúde, os prefeitos de Niterói, São Gonçalo e Maricá direcionam vultuosas somas de dinheiro para fortalecer suas escolas de samba no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. O montante recordista de R$ 14,5 milhões em apoio cultural, destinado aos desfiles das agremiações Viradouro (Niterói), Porto da Pedra (São Gonçalo) e União de Maricá, levanta preocupações sobre a alocação de recursos públicos em um momento crítico para essas localidades.


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Em destaque, Maricá se sobressai ao investir expressivos R$ 8 milhões na União de Maricá, que fará sua estreia na Série Ouro do Carnaval carioca. Este investimento, em meio a carências em infraestrutura e saúde, suscita questionamentos sobre as prioridades do poder público. O diretor-executivo da escola, João Carlos Birigui, destaca a preparação para a estreia na Sapucaí, justificando os gastos como parte de um projeto de longo prazo.


Entretanto, críticos apontam para a falta de priorização das necessidades básicas da cidade, como ruas sem pavimentação, alagamentos recorrentes e deficiências na área de saúde.


A escola começou no carnaval como um projeto político do hoje deputado federal Washington Quaquá (PT), que já governou a cidade por dois mandatos. Em 2015, Quaquá elaborou o plano de ter uma representante de Maricá na Sapucaí. A escola “queimou etapas’’. Adquiriu o CNPJ de outra agremiação que enrolou a bandeira em 2016 e começou a desfilar na série C (quarta divisão), na Intendente Magalhães, sem passar pelo grupo de avaliação. Em 2023, foi vice na série B e assegurou a ida para a Sapucaí.


Quaquá, que em várias entrevistas detalhou o seu “projeto Sapucaí”, está em viagem ao exterior. Ele foi sucedido por Fabiano Horta, que, por estar no seu segundo mandato, não pode se candidatar à reeleição. Ele nega que o investimento tenha cunho político.

A justificativa de impacto econômico e geração de empregos não convence a todos, considerando a urgência de investimentos em áreas essenciais.


Em Niterói, a nova legislação, promulgada em outubro do ano passado, prevê um repasse de R$ 8 milhões em 2024 para três escolas, sendo R$ 5 milhões destinados à Unidos do Viradouro. O prefeito Axel Grael (PDT) defende a medida como um investimento que proporciona retorno em imagem para a cidade e gera empregos, ressaltando a predominância da mão de obra local nos barracões. Porém, a gestão do atual prefeito tem sido bastante criticada, justamente pela falta de prioridades em políticas públicas que de fato dão retorno a população. A Saúde da cidade passa por uma crise devido a falta de médicos e mães estão desesperadas por falta de vagas em creches municipais.


Importante lembrar que Grael abriu mão da reeleição para que seu secretário e ex-prefeito Rodrigo Neves possa concorrer e dar continuidade ao trabalho já desenvolvido.


Já em São Gonçalo, a ajuda financeira à Unidos do Porto da Pedra, que retorna ao Grupo Especial, mais que dobrou, atingindo R$ 1,5 milhão. O prefeito Capitão Nelson (PL) enfatiza a importância cultural da escola e os benefícios econômicos para a região, apesar da considerável fatia do orçamento destinada à cultura.


A discussão sobre os vultosos gastos em um evento pontual como o Carnaval, em detrimento das necessidades cotidianas das cidades, ganha relevância em um cenário eleitoral, levantando questionamentos sobre a gestão responsável dos recursos públicos e a verdadeira prioridade dada às demandas da população.

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