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CUTUCANDO A ONÇA COM VARA CURTA

Lembra-me a memória os idos de 1962/63. Estava eu na casa dos 16/17 anos, trabalhando no comércio durante o dia e estudando à noite. As turbulências sociais que vivenciei naquela época, eu jamais as vi depois em imagens de tevê ou em noticiários de qualquer origem. Vi, sim, pequenos espaços geralmente mostrando um só lado da história em episódios contestadores da reação militar à balbúrdia que se instalara no país em tempos anteriores a março de 1964.

Era, na verdade, um período de greves gerais e de turbamultas promovendo quebra-quebras em tudo que era canto de Niterói e São Gonçalo, o que também ocorria com frequência nas plagas cariocas. Eram ônibus depredados, barcaças queimadas e conflitos de rua insuportáveis; eram filas e mais filas para comprar feijão, arroz, café, açúcar, óleo e outros gêneros alimentícios impedidos de chegar ao consumidor; eram “caminhões paus-de-arara” apinhados de gente, circulando perigosamente no lugar dos ônibus; enfim, tudo faltava e onerava as algibeiras principalmente dos menos abastados.

O Brasil tornou-se o “país dos sindicatos” e das desordens públicas. Destacava-se em Niterói e São Gonçalo o Sindicato dos Operários Navais, cuja sede ostentava uma estação de radiofonia em contato permanente com países comunistas que fomentavam a baderna tupiniquim, em especial Rússia e Cuba. Falava-se abertamente em mudança do regime e fuzilamento de pessoas contrárias ao movimento comunista, que se alastrava assustadoramente, mas não me entravam na mente as razões daquilo que eu vivenciava em espanto e incredulidade. E assim o tempo escorreu, com as manifestações se tornando a mais e mais ameaçadoras, de tal modo que me dava medo de sair de casa ao trabalho e ao colégio.

Quando eclodiu a reação militar, também nada entendi, as informações não me chegavam. Não era como hoje. Eu dependia de ler os poucos jornais, o que não podia fazer por falta de dinheiro e tempo. Na realidade, eu estava atropelado pelos incertos e turbulentos acontecimentos, e somente após o retorno à normalidade é que pude perceber o antes, o durante e o depois.

Confesso que gostei do depois: ônibus circulando, armazéns abarrotados de gêneros alimentícios a preços acessíveis, enfim, paz e bonança, enquanto a contenda entre grupos antagônicos se aprofundava em meandros inalcançáveis às pessoas comuns e a jovens como eu. Assim, os primeiros anos após 1964 escorreram, e de lá para cá jamais revi imagens da baderna anterior, só mostram o outro lado da moeda, de tal modo que há momentos em que me parece que nada vi e apenas sonhei com as comoções intestinas que produziram a reação militar.

Hoje, porém, entendo com clareza o que havia naqueles bastidores. E sei, pelo menos parcialmente, quem intentava “tomar o poder” por meio do derramamento de sangue, em revolução inspirada nos modelos russo, chinês e cubano, isto sem falar de outros movimentos de igual inspiração que não se justificam aqui no Brasil, já que na época o poder político pertencia à esquerda, na figura de Jango, que, em vez de governar a nação, capitaneava pessoalmente a anomia e estimulava a baderna que culminou com o Comício da Central do Brasil e com a Revolta dos Marinheiros. Aliás, a sonegação dos motivos que levaram à reação militar é tão marcante que no site Wikipédia só consta o seguinte sobre o comício:

“O Comício da Central, ou Comício das Reformas, foi um comício organizado em frente à Central do Brasil em 13 de março de 1964, por Jango Goulart, onde foram defendidas as Reformas de base. Esse comício teria sido um dos motivos para o Golpe de 1964.”

Sobre a Revolta dos Marinheiros, há mais dados, sublinhando-se, por suficiente, o parágrafo extraído do site da Fundação Getúlio Vargas, via Google:

“Nome com que ficou conhecido o episódio originado pela resistência dos marinheiros, reunidos na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro no dia 25 de março de 1964, à ordem de prisão emitida pelo ministro da Marinha, Sílvio Mota. Os marinheiros realizavam uma reunião comemorativa do segundo aniversário da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, entidade considerada ilegal.” (Grifo meu para indagar: “Resistência a quê?”)

A reação de 31 de março foi precedida de manifestações públicas marcantes, o que, sem dúvida, estimulou a ação dos militares contra a desordem reinante. Os dados são do site Wikipédia:

“A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base. Congregou segmentos da classe média, temerosos do perigo comunista e favoráveis à deposição do presidente da República.

A primeira dessas manifestações ocorreu em São Paulo, em 19 de março, dia de São José, padroeiro da família. Articulada pelo deputado Cunha Bueno, juntamente com o padre capelão estadunidense Patrick Peyton, com o apoio do governador Ademar de Barros, que se fez representar no trabalho de convocação por sua mulher, Leonor Mendes de Barros, organizada pela União Cívica Feminina e pela Campanha da Mulher pela Democracia, patrocinadas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, o IPES.”

É claro que eu me poderia reportar aos fatos sem necessidade de citações. Mas o meu objetivo é trazer o raciocínio ao tempo presente para afirmar, sem errar, que muitos dos protagonistas da baderna, que tendia a se tornar sangrenta, são os mesmos que atualmente ocupam o poder político em todas as suas esferas (nacional, regional e local), não sendo poucas as notícias de que há ajuda financeira externa para o alcance desses escusos fins políticos, tal como antes houvera dinheiro a rodo sustentando a campanha de “tomada do poder” pela revolução maxista-leninista.

Era a moda… A frase “tomar o poder” vem de longe no tempo… E parece que hoje também se reedita por meio de boquirrotos importantes!…

Percebo que os militares de ontem, se foram apanhados de surpresa pela evolução dos acontecimentos que se antecederam à reação, hoje estão bastante escaldados e atentos, embora estranhamente silenciosos. Com certeza, ou simplesmente presumo, que sabem bem mais que antes sobre a evolução dos episódios políticos e de suas reais intenções, demais de conhecerem amiúde cada personagem desse jogo de poder que atualmente se verifica no país e em países vizinhos. Também é muitíssimo claro que, para essa gente lesa-pátria, a frase maquiavélica tornou-se paradigma: “Os fins justificam os meios.” As roubalheiras escandalosas e impunes envolvendo muitos deles estão aí a confirmar.

Em meio a esse perfil psicossocial preocupante, os detentores do poder derrotados no passado são hoje vencedores por meios igualmente inconfessáveis e estão ávidos de retaliações; e assim se comportam em aberrante antagonismo às Forças Armadas e a quem mais use fardas e uniformes neste país: as Polícias Militares, a PRF etc. Sim, usam o poder político-judicial para dilapidar as instituições uniformizadas ou intentam cooptá-las, dando-lhes ou negando-lhes recursos institucionais e salários a lhes garantir o direito fundamental ao alimento da família, fazendo isto por meio de premeditada retaliação do mais importante no seu cargo interna corporis.

Hoje, pelo menos para mim, o quadro está claro em sua moldura: caminhamos para outro confronto por puro capricho dos que detêm o poder político e judicial. Pior é que essa gente de antes e atualmente irada subestima o juramento do militar de defender a pátria e sua soberania mesmo indo à morte. Esse juramento é feito perante a Bandeira Nacional, símbolo que está acima das leis e dos homens, pois representa a síntese da honra do militar brasileiro e de muitos brasileiros civis: A HONRA DA NAÇÃO! Isto não se compra com nenhum dinheiro nem se dobra a discursos ambíguos, mentirosos e empolados. Mas eu me pergunto: “Por que cutucar a onça com vara curta?”

Sim, o que se vê é a desnecessária arrogância de premiados baderneiros de ontem, hoje alçados a inalcançáveis tronos ativistas judiciais, a fustigarem de todos os modos a honra dos militares e políticos que lhes são contrários, es que talvez nem trajassem farda ou uniformes em 31 de março de 1964. Mas de uma coisa eu tenho certeza:

A HONRA DO MILITAR DE ONTEM É A MESMA HONRA DO MILITAR DE HOJE! Eis o que está perigosamente em jogo: A ARROGÂNCIA DO PODER POLÍTICO/JUDICIAL CONTRA A HONRA DOS MILITARES FEDERAIS E ESTADUAIS!

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