Atacante do Flamengo é suspeito de forçar cartões para favorecer apostas esportivas de familiares; operação da PF e do MP cumpre mandados e recolhe dispositivos eletrônicos em sua residência
A investigação sobre o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, tomou repercussão nacional após a deflagração da Operação Spot-Fixing, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O jogador é suspeito de ter manipulado seu próprio comportamento em campo, recebendo cartões de forma intencional durante uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023 contra o Santos. O objetivo, segundo as autoridades, seria beneficiar familiares que apostaram previamente nessa punição.
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Na manhã desta terça-feira (5), agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na residência de Bruno Henrique, na Barra da Tijuca, onde recolheram celulares, documentos e outros dispositivos eletrônicos. As autoridades também investigam o envolvimento de parentes e amigos próximos do jogador.
Entenda, a seguir, os principais pontos já sabidos da operação da Polícia Federal, e o que levou à investigação.
O que motivou investigação
A suspeita gira em torno de uma partida entre Flamengo e Santos, realizada em 1º de novembro de 2023, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Durante o jogo, Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo aos 50 minutos do segundo tempo, após cometer uma falta em Soteldo, do Santos. Em seguida, o atacante protestou de maneira agressiva, chamando o árbitro Rafael Klein de “merda” e apontando o dedo para ele, o que resultou em sua expulsão imediata. Segundo a súmula da partida, Bruno Henrique teria se aproximado do árbitro de forma ameaçadora, sendo contido por companheiros.
Movimentação incomum
Relatórios da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que fazem análise de risco, apontaram “suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro”, disse a PF em comunicado, ressaltando um volume incomum de apostas relacionadas a cartões em uma determinada partida.
A nota da PF não cita o nome de Bruno Henrique ou a partida em que a suposta manipulação teria ocorrido. O nome do atacante como alvo da investigação, no entanto, foi confirmada à Reuters por fontes com conhecimento do assunto.
Segundo o documento, obtido pelo Globoesporte, a análise indicou que diversas apostas foram feitas por novos usuários, especialmente em plataformas como Betano, GaleraBet e KTO, que registraram um alto percentual de apostas direcionadas especificamente para o jogador levar cartão.
A Betano observou uma taxa de 98% das apostas em mercado de cartões concentrada na punição de Bruno Henrique, enquanto a GaleraBet registrou 95% das apostas com o mesmo foco. Na KTO, três contas recém-criadas fizeram apostas semelhantes. A atividade foi considerada atípica, uma vez que, baseado no histórico de Bruno Henrique, sua probabilidade de punição era de apenas 20%.
Envolvimento da família
A investigação identificou que parentes do jogador, incluindo seu irmão Wander Nunes Pinto Junior, sua cunhada Ludymilla Araujo Lima e sua prima Poliana Ester Nunes Cardoso, abriram contas em casas de apostas na véspera da partida e colocaram apostas específicas prevendo que Bruno Henrique receberia um cartão. Outros envolvidos incluem Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento e outros ex-jogadores ou jogadores amadores de Belo Horizonte, cidade natal de Bruno Henrique.
O que a PF apreendeu
Na manhã desta terça-feira, agentes da Polícia Federal e do Ministério Público chegaram à residência de Bruno Henrique, uma mansão na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, enquanto o jogador ainda dormia. Acordado pelos agentes, Bruno Henrique cooperou com as autoridades, entregando celulares, documentos e outros aparelhos eletrônicos requisitados para a investigação.
Além da residência do jogador, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão no Ninho do Urubu (centro de treinamento do Flamengo) e na sede social do clube, na Gávea. No total, foram 12 mandados cumpridos em residências e estabelecimentos associados aos suspeitos, resultando na apreensão de celulares, computadores e outros dispositivos dos investigados.
O Clube de Regatas do Flamengo tomou conhecimento, nesta data, da existência de uma investigação, ainda em curso, versando sobre eventual prática de manipulação de resultados e apostas esportivas.O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência. O Flamengo esclarece, por fim, que houve uma investigação no âmbito desportivo, perante o STJD, a qual já foi arquivada, mas não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação.
O atleta segue exercendo suas atividades profissionais normalmente. Treina e viaja com a delegação nesta terça-feira, para Belo Horizonte — disse o Flamengo, através das redes sociais.
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