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Heloisa Erthal

Pezão e Rodrigo Neves: De volta a cena do crime?

Políticos com históricos de corrupção seguem conquistando o apoio popular, mostrando que o eleitor brasileiro parece incapaz de romper com o ciclo de corrupção e impunidade


Mesmo com um histórico de condenações e escândalos, Luiz Fernando Pezão (MDB-RJ), ex-governador do Rio de Janeiro, foi eleito prefeito de Piraí, na região do Médio Paraíba, com 58,58% dos votos válidos no último domingo (6). Essa vitória, porém, não deveria surpreender em um país onde condenações parecem não ser obstáculos para políticos retornarem ao poder. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em TODAS as instância por corrupção e lavagem de dinheiro, voltou à presidência em 2022 com o apoio de grande parte do eleitorado. E em Niterói, um caso semelhante também chama atenção: Rodrigo Neves.


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Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói, também enfrentou problemas com a Justiça. Neves foi preso em 2018, acusado de liderar um esquema de corrupção no setor de transporte público da cidade, como parte das investigações do Ministério Público e da Polícia Civil. Mesmo com as graves acusações, que envolveram desvio de milhões de reais, Neves conseguiu contornar sua situação jurídica e foi libertado em 2019, graças a uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde então, ele voltou ao cenário político e, para surpresa de muitos, se tornou novamente elegível, recuperando os direitos políticos.

Mas acredite, o postulante ao executivo de Niterói tem um depoimento presencial marcado para o dia 30 de outubro, logo após o segundo turno das eleições municipais. Ele deve comparecer ao Fórum de Niterói para depor como réu em uma ação popular relacionada a contratos milionários entre a Prefeitura de Niterói e a agência de publicidade Prole. Esses contratos são alvo de investigações por suspeita de superfaturamento, especialmente após a agência ter trabalhado na campanha de Neves em 2012.


Ainda assim, Neves agora é um dos nomes mais fortes na disputa pela prefeitura de Niterói, liderando as pesquisas, assim como Pezão conseguiu sua eleição em Piraí. Essa reincidência de figuras condenadas ou investigadas ocupando posições de destaque no cenário eleitoral levanta uma questão inquietante: por que o eleitor brasileiro insiste em apoiar políticos com históricos tão comprometidos?


Tanto Pezão quanto Neves e Lula são exemplos vivos de como o país parece incapaz de romper com o ciclo de corrupção e má gestão. Será que estamos diante de uma "Síndrome de Estocolmo" política, onde o eleitor se apega aos mesmos personagens, mesmo após terem sido envolvidos em escândalos?


Além disso, a facilidade com que essas figuras recuperam seus direitos políticos levanta sérias dúvidas sobre a eficácia do sistema de Justiça brasileiro. Mesmo condenados, políticos como Pezão e Lula conseguem retornar ao poder sem grandes dificuldades, beneficiando-se de decisões judiciais de última hora, como a de André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que restabeleceu os direitos políticos de Pezão dias antes da eleição.


É alarmante que esse padrão persista. Enquanto os eleitores continuarem a fechar os olhos para o passado manchado desses políticos, o Brasil permanecerá refém de um ciclo interminável de corrupção e retrocesso. Talvez seja hora de o país realizar um estudo mais profundo sobre o comportamento do eleitor e o porquê de tantas "segundas chances" serem dadas a quem já falhou gravemente com a população.

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