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Heloisa Erthal

Rodrigo Neves priorizou ambulatório Trans, mas ignorou crianças autistas

Enquanto Rodrigo Neves (PDT) inaugurou ambulatório trans em 2018 com baixa demanda, mães de crianças autistas em Niterói enfrentam a falta de atendimento especializado até hoje, agravada pelo veto de R$ 5 milhões para a criação de uma clínica-escola pelo grupo político do ex-prefeito e atual candidato.



Durante a gestão de Rodrigo Neves como prefeito de Niterói, em 2018, foi inaugurado o Ambulatório de Atenção à Saúde da População Travesti e Transexual João W. Nery. O primeiro centro de atendimento desse tipo no estado do Rio de Janeiro foi apresentado como um avanço nas políticas de inclusão da cidade, com uma equipe multidisciplinar dedicada a atender as necessidades específicas dessa população.


No entanto, enquanto Neves investia recursos nesse ambulatório, mães de crianças autistas viam-se desamparadas, sem apoio adequado para diagnosticar e tratar o crescente número de casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA).


O ambulatório trans, situado na Policlínica de Especialidades Sylvio Picanço, conta com assistentes sociais, psicólogos, médicos e endocrinologistas, além de realizar procedimentos de hormonização e acolhimento psicológico. Até o final do ano passado, a clínica havia cadastrado um pouco mais de 700 pessoas, números modestos frente ao aumento vertiginoso de casos de autismo na cidade.


A homenagem ao ativista João W. Nery, fundador da Associação Brasileira de Homens Trans, evidencia a escolha de prioridades da gestão de Rodrigo Neves, que, enquanto inaugurava esse centro, deixou sem resposta as famílias de crianças autistas.


O aumento no número de crianças diagnosticadas com autismo em Niterói tem exposto falhas graves no sistema de saúde municipal. O diagnóstico é tardio e precário, principalmente devido à escassez de neurologistas pediátricos e à inexistência de um ambulatório especializado para o tratamento do TEA. Esse cenário tem causado revolta entre as mães de crianças autistas, que se sentem abandonadas pelas autoridades locais.


"É frustrante e doloroso. Meu filho precisa de acompanhamento, de um diagnóstico correto e de tratamento adequado, mas parece que ninguém se importa", desabafou Larissa Coelho, mãe do pequeno Noah de 7 anos.

Veto de R$ 5 milhões para clínica-escola revolta mães

A situação se agravou em junho de 2023, quando o vereador Douglas Gomes (PL) conseguiu aprovar uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), destinando R$ 5 milhões para a criação de uma clínica-escola para atender crianças com TEA. A clínica seria um marco no tratamento interdisciplinar e diagnóstico precoce do autismo, mas a alegria durou pouco: o prefeito Axel Grael, do mesmo grupo político de Rodrigo Neves, vetou a emenda. Esse veto gerou uma onda de indignação, especialmente entre as famílias de baixa renda que não têm condições de arcar com planos de saúde ou tratamentos particulares.


"É inadmissível que, com um orçamento que beira os R$ 6 bilhões, Niterói não consiga destinar recursos para um projeto tão importante como a clínica-escola para autistas. O veto é mais uma prova da má gestão e da falta de sensibilidade com as famílias que mais precisam", criticou Douglas Gomes. "Enquanto outras cidades, como São Gonçalo, com um orçamento muito menor, oferecem atendimento completo e de qualidade, aqui em Niterói as crianças autistas são ignoradas."



Apesar de seu orçamento bem mais modesto, São Gonçalo tem uma rede de atendimento estruturada para crianças autistas. A cidade oferece, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, serviços de fonoaudiologia, psiquiatria, fisioterapia e psicologia, através do Centro de Referência Municipal em Autismo. Esse centro visa assistir alunos de todas as idades, promovendo um espaço de aprendizado e desenvolvimento intelectual em um ambiente humanizado e interdisciplinar. O contraste com a realidade de Niterói, onde recursos são destinados a projetos de menor demanda, é gritante.

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