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Editor

“TRIBUNAL DO TRÁFICO”

Sobre o “Tribunal do Tráfico”, – (título de investigação jornalística veiculada pelo Jornal O Globo de 02 de abril de 2008, nos bons tempos em que o Jornal não “politicava” de modo vexaminoso), – foi no mínimo paradoxal que o Ministro da Justiça, Tarso Genro, admitisse o domínio territorial de algumas localidades por parte de traficantes no Rio de Janeiro, afirmando literalmente haver “ausência do Estado”, para depois sugerir medidas destoadas da gravidade do problema.

Ele assegurou que havia uma inegável “anomia”, mas assumiu posição dúbia ao aleatoriamente somar a polícia à específica acusação de barbárie, quando, na realidade, o fato noticiado referia-se exclusivamente a traficantes julgando e sentenciando à morte as pessoas. Como se vê, nada mudou, hoje o assunto é tratado politicamente por um integrante do STF, como se o narcotráfico nas favelas do Rio fosse algo fantasioso.

Que me desculpe o leitor, mas a guinada que deu na época o ex-Ministro, e que hoje vê referendada por togado petista é fomentadora da mesma “anomia” que ele, Tarso Genro, assegurou com todas as letras! Pois, ao sugerir atacar tão grave problema com “ações sociais”, ou, como o outro, proibir ações policiais em favelas do Rio, ambos excluíram ostensivamente as hipóteses de ações operativas, embora seja gritante a situação de Defesa Interna em vista da grave perturbação da ordem pública no ambiente social do RJ.

Na realidade, competia ao ex-Ministro Tarso Genro assessorar o presidente da República na articulação dos Conselhos da República e de Defesa Nacional com vistas à decretação do Estado de Defesa e a convocação das Forças Armadas para a restauração da lei e da ordem no tal “espaço territorial vencido pela barbárie”, como ele mesmo afirmou. Mas não! O que se viu na época e hoje se vê são as autoridades públicas de alto talante tangenciando o grave problema em incompreensível desfaçatez…

A verdade é que não se pode alterar o fato noticiado em 2008, porque atualmente está muito pior! E o fato resume-se à mesma audácia dos traficantes remotamente admitida pelo ministro Tarso Genro. E, se ele falava em “ausência do Estado”, aliás, com absoluta razão, cabia-lhe obrigatoriamente incluir no seu discurso a União por ele representada, e talvez hoje a realidade fosse outra. No fim de contas, ninguém seria mais abalizado que ele para articular as medidas governamentais federais.

A CRFB é clara quanto ao “dever do Estado”, e mais ainda quanto aos motivos que poderão indicar a necessidade de decretação do Estado de Defesa e o acionamento das Forças Armadas para a “garantia da lei e da ordem”, o que não tem nada a ver com política e ideologias. O que não podia e não pode é um ministro, na condição de autoridade pública responsável pela solução do problema, fechar questão, como ele o fez, e depois tangenciá-la simploriamente, como se estivesse a “enxugar gelo”.

Mais grave ainda quando ele sublinha negativamente a polícia em contexto tão específico, decerto com o intuito de defender suas estranhas ideologias ante uma barbárie decorrente tão-só da impunidade de narcoguerrilheiros urbanos organizados em grandes quantidades, armados com material bélico de última geração e dominando as favelas como se fossem suas cidadelas. Tudo a exigir ação operativa federal (ação direta das Forças Armadas), só não viu quem não quis ver e só não vê quem não quer ver…

Daí então se conclui que a situação permanece viva, e é de grave perturbação da ordem pública a demandar ações operativas que vão muito além da capacidade da polícia estadual! O resto é discurso para esvaziar a matéria jornalística, que, todavia, não poderia e não pode ser reduzida a uma fratura exposta tratada a mercurocromo.

Imagine agora como ficarão as coisas com Flavio Dino, ex-governador do Maranhão, cujo comportamento deve ser ainda mais descarado que do o outro seu companheiro da esquerda. Flavio Dino surge agora indicado como Ministro da Justiça. No mínimo, dirá que não existem narcoguerrilheiros nas favelas do RJ, que é tudo “suposição da direita”, e para cá não enviará nenhuma ajuda material, porque ajuda moral só se for para os criminosos com os quais entrará em “lua de mel”.

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